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Internationales Maritimes Museum (Museu Marítimo Internacional de Hamburgo)

Atualização: Fizemos em 2020 uma entrevista com o coordenador do museu. Veja aqui e conheça mais sobre como podemos criar a sua viagem dos sonhos na Alemanha.

Mais do que um museu enorme e fascinante, o Internationales Maritimes Museum Hamburg (IMMH) tem uma história incrível, que começa com uma coleção pessoal e com a paixão de um menino pela navegação. O Museu Marítimo Internacional (que irei chamar pela abreviação IMMH), com seus mais de 10 mil metros quadrados, é uma das atrações mais interessantes da cidade de Hamburgo.

A começar pela localização: um dos armazéns da histórica Speicherstadt. O acervo é tão impressionate que mesmo até quem não é muito familiarizado com o assunto, consegue se encantar por tantos detalhes e descobertas que o local tem a oferecer.

A fachada do Internationales Maritimes Museum
A réplica de 3,5 metros do barco Wappen vonHamburg III, suspensa no segundo andar.

O primeiro de milhares

A história do museu começa na década de 30, quando o pequeno hamburguês Peter Tamm, de apenas seis anos de idade, ganha de sua mãe uma miniatura de barco a motor feita em chumbo e se encanta com o brinquedo. Filho de uma tradicional família de empresários no ramo da navegação em Hamburgo, o menino, acostumado com o universo das embarcações, passa a se dedicar cada mais à coleção e leva o hobby para a idade adulta. Mas não só de miniaturas era feita a coleção. Qualquer artefato relativo à história marítima era bem-vindo: selos, fotos, mapas, quadros, instrumentos de navegação, etc.

Conforme a coleção crescia, os amigos e familiares a admiravam, a ponto do Sr. Tamm, já casado e com filhos, disponibilizar as peças para exposição em sua casa. Na década de 80, não havia mais espaço na mansão da família Tamm que não desse lugar a algum artefato da coleção, como relatavam amigos da família.*

Entrada da coleção de arte marinha, no oitavo andar

Amigos, empresas e fundações começam então a contribuir com a coleção, doando peças de valor artístico ou histórico.  Porém, apesar de impressionante e diversificada, a coleção não era devidamente catalogada e precisava de cada vez mais espaço. Não apenas para exibição, mas também pela própria manutenção dos artigos.

Entrada do museu no Kaispeicher B

O armazém Kaispeicher B

Daí nasce a ideia de encontrar um local para servir de museu para a coleção. Em meados dos anos 2000, a cidade Hamburgo oferece ao Sr. Tamm o Kaispeicher B, um antigo silo dos armazéns do porto de Hamburgo.

Antes da construção da Speicherstadt, Hamburgo já possuía dois grandes armazéns: Kaispeicher A e B. No local do primeiro Kaispeicher A, destruído na Segunda Guerra, atualmente se encontra a Elbphilharmonie. Já o Kaispeicher B, mesmo muito destruído durante a guerra, manteve-se de pé.

Após algumas reformas estruturais, em 2008, o edifício do século XIX localizado na Speicherstadt torna-se oficialmente a sede do Internartionales Maritimes Museum.

O museu

No térreo, junto à bilheteria, há uma livraria especializada em navegação, o restaurante Catch of the Day, a lojinha de souvenirs e os armários guarda-volumes, o que evita o incômodo de carregar casacos e acessórios durante a visita. Ao lado dos armários está a passagem para o pátio interno, onde estão expostos um barco de resgate, dois minissubmarinos e canhões holandeses. Do pátio também se tem uma linda vista da Hafen City e de parte da Speicherstadt.

O museu possui 10 andares, sendo o último reservado a eventos. Como cada andar é dedicado a um tema diferente, você pode começar pelo que achar mais interessante, mas a recomendação é que você comece de baixo para cima, ou seja, pelo nono andar. E é nesta ordem que vou mostrar o museu aqui.

As coleções

No nono andar encontram-se os modelos em miniatura de diversas marinhas do mundo. Para se ter uma ideia, são 40 mil modelos de navios, sendo a maioria em escala 1:1250. Uma curiosidade sobre esta escala, é que ela representa o tamanho dos navios ao serem vistos de uma altura de aproximadamente 2 mil metros, ou seja, a visão de um piloto. Por isso tais modelos, além da facilidade para colecionar, costumavam ser usados também para a elaboração de estratégias militares.

Neste andar também está exposta a miniatura que deu início à toda coleção.

No oitavo andar, meu preferido, está a pinacoteca de arte marinha, com obras de pintores alemães, holandeses, britânicos, russos, entre outros. Além disso, no mezzanino encontra-se a “câmara do tesouro”: entre os destaques estão as raras réplicas de navios feitas de ossos, por prisioneiros das Guerras Napoleônicas, além das miniaturas em prata e ouro e até mesmo em âmbar.

O sétimo andar é voltado para a oceanografia e pesquisas marinhas. O sexto andar é sobre a vida a bordo, seja na marinha mercante ou nos cruzeiros. Aqui você vai descobrir como os navios de cruzeiros surgiram da ideia de Albert Balin, um empresário hamburguês do início do século XX. Uma réplica do famoso Titanic também não poderia faltar.

O quarto e o quinto andar tratam das marinhas de guerra e das armas e uniformes navais. Há inclusive um florete da Marinha do Brasil. Tem que ir ao museu para descobrir. 😉 No quinto andar, há uma ala dedicada aos submarinos, com uma vitrine repleta de modelos e ao fundo, os ruídos do sonar.

O terceiro e segundo andares tratam da construção naval e da navegação à vela. Gostei bastante de ver algumas réplicas de trirremes, galeras, artefatos encontrados em navios e do espaço dedicado a Lord Nelson.

O primeiro andar é dedicado aos descobrimentos. Nele estão os bustos dos grandes descobridores, os instrumentos de navegação e a sala de cartografia (junto com os quadros do oitavo andar, minha parte preferida). Esta ala é mais escura, para que a claridade não danifique os mapas originais.

Outras curiosidades do primeiro andar são: a réplica do Queen Mary 2 feita em Lego, por dois artistas holandeses, com 7 m de comprimento e mais de 700 mil peças; a oficina do museu, aberta ao público; simulador de navegação, através do qual você pode conduzir um navio pelos portos de Hamburgo, Rotterdam ou Singapura. O simulador pode ser utilizado pelos visitantes sob supervisão e é mais recomendado para adultos.

Em dezembro de 2016, o Sr. Tamm faleceu, aos 88 anos de idade. Tamanha era sua dedicação, que mesmo cuidando dos negócios da família, o Sr. Tamm nunca deixou de lado sua coleção e até poucos dias antes de seu falecimento, visitava quase que diariamente seu escritório no museu.

O Museu Marítimo Internacional é para nós uma das melhores dicas do que fazer em Hamburgo. Há muitas informações sobre a história das descobertas, engenharia e história militar naval e navegação em geral. A coleção é bastante ampla e traz ítens de todos os continentes. Além da organização, o museu também é muito bonito e mantém elementos da construção original, com suas colunas e piso em madeira. Até quem não conhece muito sobre o tema, aprende bastante durante uma visita atenta.

Devido ao tamanho da coleção, recomendo que você tire pelo menos 3 horas para ver o museu com calma. O Internationales Maritimes Museum fica na Speicherstadt e seja antes ou depois da sua visita ao museu, vale dar uma caminhada na região, que é patrimônio da humanidade, tombado pela UNESCO.

Internationales Maritimes Museum Hamburg
Koreastraße 1, 20457 Hamburg
Aberto diariamente das 10h às 18h
No Instagram @maritimesmuseum tem muitas informações interessantes em inglês sobre os ítens do museu.

* Fontes:

  • Internationales Maritimes Museum Hamburg Guide – Ed. Koehler
  • Entrevista do Sr. Peter Tamm para o site www.worldwidewave.de

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